Então vamos para a próxima foto.
Essa daqui não é tanto pela beleza estética da foto, mas mais pela idéia mesmo. Como já expliquei, cada foto tinha um tema: a primeira era apenas Outono; essa era apenas um trecho de um poema:
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
É um trecho do poema O Mapa, do Mario Quintana.
Tinha que tirar uma foto que "representasse" ou "interpretasse" esse poema. Foi a foto mais difícil de tirar, porque não fazia idéia do que fazer. Até que um dia, às vésperas de ter que entregar o trabalho, passei por uma loja de vestidos de noivas que ficava numa esquina. Lembrei do trecho do poema porque nele falava de "esquinas", "moças" e "sonhos". Foi imediato a associação de moça e sonho com casamento, e como a loja era numa esquina, acabei achando o que precisava.
Tive que tirar a foto no meio da BR 116, com carros passado a toda, por isso não tive muito tempo de escolher um ângulo e enquadramento melhor.
Pra quem quiser saber como é o poema completo, aí vai ele:
O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(E nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
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